os espanhóis e eu

sim. é verdade que eu faço parte daquele conjunto de portugueses cujo código genético integra um genezito manhoso, designado "ódio visceral aos espanhóis".

não posso com aquele epitetozinho cínico de "nuestros hermanos". quais irmãos, quais carapuça!

os gajos são rudes, falam como se rosnassem, têm nomes foleiros, bebem uma mistela escura a que chamam café mas que é água de lavar as badalhocas (e acrescentam leche, para disfarçar!), vêem filmes dobrados, dormem depois de almoço... bem, e apesar disto tudo, acham-se os maiores da cantareira.
porém, e vejam a ironia da coisa, nem mesmo o tratado de tordesilhas (em que os gajos ficaram com as reluzências e nós com os mulatos e as caipirinhas!) veio a evitar que o meu gajo (brasileirinho de gema) acabasse a falar espanhol. sim, sim. e agora, nos momentos mais inusitados, tenho que aturar os "mira, chica", os "no passa nada", "cago en la virgem" e outras castelhanadas.
pois é. e o pior, o piorzinho de tudo, é que a ética manda não cuspir no prato em que se come (atenção, que esta frase não significa o que parece!). a partir do momento em que das bandas de lá começou a chegar parte do guito para pagar as contas, fiquei impedida de proferir impropérios contra os espanhóis.
no entanto, deu-se uma pequena-grande mudança! de madrid para barcelona! e toda a gente sabe que os catalães, a par com os bascos e galegos, não são espanhóis!!!! por isso, estou de novo livre para alimentar o meu odiozito de estimação e, mais importante, posso falar nele à vontade!