cada bola mata um, prá galinha e pró perú, quem está livre és mesmo... tu!

1.7.05

ontem e o pedro paixão

TSF.
uma ida para casa como todas as outras não fosse o convidado do “pessoal e transmissível” ser o escritor pedro paixão.
uma ida para casa igual a todas as outras idas para casa, não fosse a sua respiração pesada, a voz estrangulada, afectada de expressões, timbres e tonalidades a deixar transparecer um sentimento de pertença àquele grupo restrito de pessoas que pensam gravitar, em órbita perfeita, em torno da jugular de Deus, exibindo de quando em quando o seu canivete suíço, num ritual de intimidação.
creio que talvez tenha estado a ouvir mais uma das personagens do pedro – ele próprio o afirmou «já não sou nada espontâneo». e, de facto, não o é (pelo menos, quero mesmo acreditar que não).
devemos todos culpabilizarmo-nos porque, na verdade, desiludimos este senhor («a humanidade desiludiu-me»).
a “humanidade” da qual parece não fazer parte – mais uma das responsabilidades que repudia. nenhuma responsabilidade é dele: não sabe amar porque a mãe não o ensinou; escreve em transe palavras que lhe são dadas, ditadas, para que os seus dedos as passem para o papel; é escritor, apesar de ter querido ser astronauta e pianista, por culpa da mãe que tocava piano mas, mesquinhamente, não lhe quis ensinar o que sabia.
pesa 100 quilos, escreve para fugir ao suicídio, é completamente desinteressante, incapaz de amar, tem uma vida feita de mortes, foi abandonado e maltratado na infância, que caracteriza como infeliz e cheia de más memórias, não sabe se ama a mãe, é um descentrado sem pele, só tem um amigo, não é nada, nem é ninguém.
choremos, portanto, em uníssono – e já que somos um rebanho («este povo antes do vinte cinco de abril era um rebanho, e depois do 25 de abril é outro rebanho») podemos até arriscar um balidos – por este ser desgraçado que é o «escriturário» pedro paixão.
ontem desesperei-me. fiquei de boca aberta uma mão cheia de vezes. e foi uma delícia ficar a conhecer o “quase” pedro paixão.

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